"Falso e baseado em mentiras". Israel nega acusações de genocídio da Amnistia
A Amnistia Internacional publicou um relatório esta quinta-feira que conclui que o Estado de Israel está a cometer genocídio contra os palestinianos na guerra em Gaza. Israel rejeitou a acusação e alega que o relatório “é totalmente falso e baseado em mentiras”.
A Amnistia diz que os militares israelitas cometeram pelo menos três dos cinco atos proibidos pela Convenção sobre Genocídio de 1948, incluindo assassinatos indiscriminados de civis, causando sérios danos físicos ou mentais, e "a imposição deliberada aos palestinianos em Gaza de condições de vida calculadas para causar a sua destruição física".
Israel, que tem rejeitado reiteradamente qualquer acusação de genocídio, afasta esta ideia da Amnistia e alega que o relatório foi fabricado e é “baseado em mentiras”.
“A deplorável e fanática organização Amnistia Internacional produziu mais uma vez um relatório fabricado que é totalmente falso e baseado em mentiras”, escreveu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, Oren Marmorstein, na rede social X.
The deplorable and fanatical organization Amnesty International has once again produced a fabricated report that is entirely false and based on lies. The genocidal massacre on October 7, 2023, was carried out by the Hamas terrorist organization against Israeli citizens. Since… pic.twitter.com/on1UovCrGA
— Oren Marmorstein (@OrenMarmorstein) December 5, 2024
“O massacre genocida de 7 de outubro de 2023 foi perpetrado pela organização terrorista Hamas contra cidadãos israelitas”, diz Marmorstein, argumentando que “Israel está a defender-se contra estes ataques em total conformidade com o direito internacional”.
A própria agência da Amnistia em Israel demarcou-se das conclusões do relatório, afirmando que não desempenhou nenhum papel na investigação e não acredita que Israel esteja a promover uma limpeza étnica em Gaza.
A Amnistia de Israel diz, no entanto, que está "preocupada " pelo "facto de terem sido cometidos crimes graves em Gaza" e considera que estes "devem ser objeto de investigação".
Por sua vez, a Autoridade Nacional Palestiniana saudou o relatório que considera estar “baseado em provas”.
“A Amnistia é uma organização mundial credível que baseia os seus relatórios em provas”, declarou à agência noticiosa France-Presse (AFP) Ahmad al-Dik, conselheiro do ministro palestiniano dos Negócios Estrangeiros.
A organização não-governamental sustenta a acusação de genocídio contra Israel em centenas de entrevistas, provas visuais, imagens de satélite e relatórios.
“Mês após mês, Israel tem tratado os palestinianos de Gaza como um grupo de sub-humanos, indignos de respeito pelos direitos humanos e pela dignidade, demonstrando a sua intenção de os destruir fisicamente”, afirmou a secretária-geral da organização, Agnès Callamard.
Este relatório de 300 páginas destaca “elementos suficientes para concluir que Israel cometeu e continua a cometer genocídio contra os palestinianos na Faixa de Gaza” desde o ataque sem precedentes do movimento islâmico palestiniano Hamas, a 07 de outubro de 2023, no sul de Israel, que desencadeou a atual guerra, afirma a Amnistia Internacional.
O ataque do Hamas levou à morte de 1.208 pessoas do lado israelita, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais, incluindo reféns mortos ou mortos no cativeiro.
Desde o início da guerra lançada em retaliação por Israel, 44.532 pessoas foram mortas em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas para Gaza, considerados fiáveis pela ONU.
c/agências